As datas de validade são responsáveis por 10% do desperdício alimentar, maioritariamente porque são mal interpretadas, mesmo que o produto esteja em perfeito estado consumo.

Neste artigo, vamos falar a fundo sobre este tema, com dicas bastante simples, mas que melhoram os hábitos de compra e consumo.

Vamos começar por explicar como são definidas as datas de validade, bem como a diferença entre “consumir de preferência antes de” e “consumir até”. Além disso, vamos demonstrar porque é que alguns produtos fora da data de validade podem ser consumidos e, inclusive, vendidos!

“Consumir de preferência antes de” e “consumir até”:

Não confundas mais estes dois termos.

Antes de mais nada, é de extrema importância que compreendas a diferença entre “consumir de preferência antes de” – referente à data de durabilidade mínima de um produto (DDM) e “consumir até” – referente à data limite de consumo de um produto (DLC).

A Data Limite de Consumo (DLC) aplica-se aos géneros alimentícios pré-embalados, microbiologicamente perecíveis e que, por essa razão, são suscetíveis de apresentar, após um curto período de tempo, um perigo imediato para a saúde humana. É o caso dos iogurtes, bem como da charcutaria. 

Sendo assim, são produtos que só podem ser consumidos até à validade imposta pelo fornecedor, identificada no rótulo.

Para conseguires identificar este tipo de produto, o seu rótulo apresenta-se como “Consumir até…”, com a informação clara sobre o dia, o mês e o ano de validade. A partir desta data, o risco de desenvolvimento de bactérias e de intoxicação alimentar aumenta significativamente.

Por sua vez, a Data de Durabilidade Mínima (DDM) é aplicada aos géneros alimentícios pré-embalados que não apresentam problemas de segurança alimentar.

Estes produtos podem ser comercializados e consumidos depois do prazo de validade imposta pelo fornecedor e são apresentados com a menção “Consumir de preferência antes de…”.

Dentro desta categoria, existem três tipos de rotulagem distintos que te indicam:

  • o dia, do mês e do ano: este tipo de produto pode ser consumido até 3 meses após a data mencionada na embalagem;
  • o mês e do ano: este tipo de produto pode ser consumido até 18 meses após a data mencionada na embalagem;
  • apenas do ano: este tipo de produto pode ser consumido 18 meses, ou mais, após a data mencionada na embalagem.

Resumindo, se o produto indica uma DDM, então pode ser consumido sem riscos para a tua saúde, mas é provável que exista alguma perda ligeira de textura ou aroma.

De forma prática, podemos considerar como exemplo o café que, bebido muito tempo depois da DDM indicada, perde ligeiramente o seu sabor, mas pode ser consumido.

Ainda, a mesma coisa acontece com o pão em que passado alguns dias a sua textura fica diferente, mas não é por isso que não o podes consumir numas belas torradas ao pequeno-almoço.

É possível consumir um alimento com DLC expirado?

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Contrariamente à DDM, a DLC indica uma data limite imperativa. Isto significa que, consumir um produto depois da data indicada, representa um risco para a saúde humana. 

Geralmente, os alimentos associados a este tipo de validade estão inseridos nas categorias dos frios, tal como o peixe, iogurtes, queijo, carnes frescas ou refeições prontas.

Ainda, é de extrema importância saber que um alimento cujo a Data Limite de Consumo se está a aproximar ou já foi atingida, não pode ser congelado.  

Que alimentos podem ser observados de perto para perceber se são comestíveis? 

Nem todos os alimentos, com data de validade expirada, apresentam o mesmo risco para a saúde e alguns devem ser especialmente vigiados.

Isto significa que, além de teres atenção à data de validade, também deves seguir à regra o modo de conservação dos teus alimentos.

Como todos lidamos diariamente com diferentes tipos de alimentos, é normal que existam dúvidas sobre a forma como devem ser conservados. No entanto, existem algumas dicas sobre a forma como deves conservar alguns dos teus alimentos em casa. 

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Ovo: Se for armazenado num local fresco, dura até 28 dias depois da data indicada na embalagem. Mas, para se conseguir ter a certeza que se encontra comestível, deve ser colocado em prática o teste de flutuação do ovo.

  • O teste de flutuação funciona da seguinte maneira: o ovo é mergulhado num recipiente grande com água. Se descer de imediato, significa que está perfeito para consumo, se subir ligeiramente, significa que deve ser consumido de imediato. Se flutuar, significa que está estragados e, portanto, não pode ser consumido.

Outro caso diferente, são os ovos cozidos. Se cozeste a mais, deves consumi-los no prazo de 48h.  

  • Carne moída: A conservação da carne depende da embalagem.

Neste contexto, existem dois cenários que podem ocorrer: o primeiro é a compra de carne moída no talho, em que a mesma tem de ser consumida no imediato; o segundo cenário é, comprar no supermercado embalado a vácuo, em que, na maioria dos casos, pode ser consumida passado 1 a 2 dias da data indicada.

No entanto, antes de tudo, o importante é observar e cheirar para perceber as condições em que se encontra. Na dúvida, não devemos consumir o alimento! 

  • Queijos: A maioria dos queijos são seguros quanto ao seu consumo. No entanto, existem algumas exceções, como por exemplo, o queijo fresco com leite de cabra pasteurizado.

Que alimentos são comestíveis após a data de validade ? 

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Embora alguns produtos possam ser consumidos após a data de validade, tudo depende da forma como são armazenados.

A primeira dica, é confiar nos nossos sentidos: devemos observar o alimento para tentar perceber se o estado em que se encontra é normal e seguro para consumo. De seguida, cheirar e experimentar. Em caso de dúvida, não deve ser consumido.

Existem três tipos de situações que devem ser tomados em atenção, nomeadamente às embalagens abertas, aos produtos secos e aos produtos enlatados:

  • Embalagem aberta: Cuidado com as embalagens já abertas. Nestes casos, a data de validade de pouco te serve, como por exemplo, nas embalagens de maionese. O rótulo indica-nos “consumir de preferência antes de”. No entanto, esta informação só deve ser considerada se a embalagem não tiver sido aberta.
  • Produtos secos: Os bolos e similares podem ser consumidos depois da embalagem aberta. No entanto, não é de esperar que a textura se mantenha tal e qual como quando foi comprado. Para isso, deves ser tomado em atenção o modo como o produto é conservado depois de aberto.
  • Produtos enlatados: Neste tipo de produto, a aparência externa da embalagem de metal deve ser considerada. Se a embalagem estiver empanada ou apresentar sinais de ferrugem ou inchaço, não se deve arriscar em consumir.

Juntamente a estes exemplos, adicionamos o caso de algumas bebidas, alimentos congelados e mantimentos: podem ser considerados após a data indicada no rótulo.

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Quais são os alimentos que nunca se estragam?

Os diversos fabricantes do setor alimentar, são obrigados a exibir uma data de durabilidade mínima (DDM) na maioria dos seus produtos. Existem, no entanto, alguns produtos que podem apresentar alteração no seu sabor, textura, aroma ou composição nutricional e continuar em excelente estado para consumo.

Deste modo, deixamos aqui alguns destes produtos que servem como exemplo de alimentos não perecíveis:

  • Sal: A incrível durabilidade do sal é esquecida pela maioria de nós e é, no entanto, um ingrediente que existe na maioria das casas.

Este é um produto que não tem data de validade, que não expira e que podes ter na tua casa durante vários anos, se conservado em boas condições.

A única desvantagem neste tipo de produto é que, se não o conservares longe da humidade, não o vais encontrar no mesmo estado em que o compraste. Aliás, a humidade vai aglomerar-se nos cristais de sal e formar alguns blocos.

Apesar disto, continua a ser seguro consumir o produto, bastando apenas que juntes alguns grãos de arroz cru ao saleiro, para que estes grãos absorvam a humidade.

Alguns cuidados que deves ter: Em primeiro lugar, guarda o sal num local hermeticamente fechado e seco. Em segundo lugar, evita utilizar colheres ou outros utensílios sujos. Por último, fecha bem a embalagem depois de a utilizar. 

  • Açúcar: Tal e qual como o sal, o açúcar não se estraga mas pode acumular-se em blocos devido à humidade.

Se isto acontecer, coloco-a num liquidificador para que fique mais suave e desfaça os blocos.

Outra coisa que deves saber é que, dependendo do tipo de açúcar, com o passar do tempo, podem perder algumas vitaminas e minerais. Exemplo disto, é o açúcar de coco.

No entanto, para que isto não aconteça, o cuidado principal a ter é conservá-lo num local seco e fresco, num recipiente bem fechado para evitar a entrada de humidade ou de insetos, como as formigas.

  • Mel: Este aliado nas receitas salgadas ou doces pode acompanhar-te por vários anos.

Para começar, deves saber que o mel pode, eventualmente, cristalizar. No entanto, basta um banho-maria em água quente para voltar ao normal. Não é maravilhoso? O mais fantástico, é que não importa o tempo que passe, este produto mantém-se doce até à última colherada!

Porém, tal e qual como em todos os alimentos, existem alguns cuidados a ter no momento de conservação, tal como conserva-lo num local escuro, seco e à temperatura ambiente pois é um alimento que azeda com a presença de humidade. 

  • Amido: O amido de milho ou de batata pode ser utilizado infinitas vezes se armazenado de modo hermético. Caso contrário, com a presença de humidade, ganha mofo, manchas e bichos.

Caso isto te aconteça, deves descartar o produto por completo. No entanto, para evitares o seu desperdício deves ter alguns cuidados, tais como: conserva-lo num local seco e à temperatura ambiente e, também, manter o recipiente sempre bem fechado, principalmente depois de aberto. 

  • Vinagre: Quando conservado da maneira correta, não há microrganismos que resistam a tanta acidez.

O vinagre branco é um dos vinagres que pode durar mais tempo, sem qualquer alteração ao seu sabor ou à sua composição.  No entanto, deves fechar bem a tampa e guarda-lo num local fresco e escuro, como por exemplo, o armário da cozinha. 

  • Arroz branco: Este tipo de arroz pode ser consumido anos depois de o comprares.

O cuidado principal a ter para que isto seja possível é conservá-lo num recipiente hermético, bem fechado, fora da luz e num local seco. Desta forma, irás dificultar o aparecimento de traças. Além disto, sugerimos que passes o arroz por água antes de o cozinhar, para te certificares de que não contém absolutamente nenhum elemento desagradável. 

  • Massa: A massa crua é o tipo de produto seco que pode ser consumido muito tempo depois da DDM. Tal e qual como o arroz, é sempre melhor ser conservado num recipiente hermético, bem fechado, fora da luz solar e num local seco. 
  • Leguminosos secos: Nesta categoria, estão incluídos os feijões secos, como por exemplo, o grão de bico.

De facto, este são alimentos que, se crus e bem conservados, têm uma validade infinita nas nossas casas.

Como não escapa à regra dos outros alimentos, deves ter cuidados na sua conservação, tal como certificar-te que não são pré-cozinhados – como é o caso do feijão em frasco – e armazena-los longe da humidade.

A saber que os vais consumir, deves mergulhá-los em água na noite anterior.

 

Ficaste convencido e esclarecido de que não há nada a temer com as Datas de Durabilidade Mínima?

Cláudia Pinheira
Especialista em Marketing Sustentável e Zero Desperdício