Todos os anos, infelizmente, mais de 1 milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados em Portugal. Existem vários motivos para isso acontecer, tal como o desperdício de alimentos que acontece desde o produtor ao consumidor. Entre os muitos padrões impostos pela distribuição e pela nossa falta de amor por frutas e verduras “feias”, muitos alimentos acabam no lixo mesmo antes de chegarem às prateleiras das lojas.
Para resolver este problema, as mercearias anti desperdício, parceiras da phenix app, revelaram todos os seus segredos para ti, sejas produtor ou um simples consumidor.
Desde eliminar os padrões de tamanhos aos produtores, evoluir a comunicação com os distribuidores, até à democratização do acesso a compras de hortaliças “feias” para os consumidores, soluções para combater o desperdício de alimentos é o que não faltam!
🥦 Tudo sobre os padrões: como incitam ao desperdício de alimentos
Antes de mais nada, vamos abordar as normas que são impostas aos produtores para a comercialização das frutas e legumes.
As normas relativas à comercialização de frutas e produtos hortícolas em Portugal, estão estabelecidas no Anexo I, parte B, do Reg. de Execução (UE) n.º 543/2011. Estes produtos devem, assim, cumprir certas características, numa das seguintes categorias:
- Categoria Extra – Produto de excelente qualidade e com apresentação especial;
- Categoria I – Produto de boa qualidade sem defeitos importantes;
- Categoria II – Produto de qualidade razoável, são, embora com alguns defeitos ao nível da forma, coloração, pequenas manchas e marcas.
Para que existem estas normas, afinal? Servem, acima de tudo, para facilitar as relações comerciais durante a venda à distância e para evitar “enganos nas mercadorias”.
Estas regras permitem, assim, estabelecer uma linguagem comum, tal como permitem regular o mercado em períodos de superprodução.
Tal como o os padrões comerciais se estabeleceram, é, por fim, hora de evoluir e mudar essas regras! 🚀
O que são exatamente estas normas?
Antes de tudo, deves perceber o que são estas normas comerciais e o que representam no comércio!
Mais do que a caraterística do sabor, a produção em massa favoreceu frutas e vegetais de acordo com a sua aparência. Aos poucos, foram sendo estabelecidos padrões aos alimentos, para que o cliente pudesse encontrar o mesmo “visual”, em detrimento do sabor e outras qualidades nutricionais.
Existem dois tipos de padrões que são considerados:
- O padrão geral: focado principalmente na qualidade alimentar e sanitária, com caraterísticas mínimas de qualidade e maturidade.
- O padrão específico: são adicionados ao padrão normal com requisitos baseados na aparência dos produtos: forma, tamanho, cor, etc
Vamos dar-te alguns exemplos de padrões específicos, para que possas então entender melhor:
- O quivi deve atingir um peso mínimo de 62 gramas para ser comercializado;
- Os tomates grau II não podem ter rachaduras maiores que 3 cm;
- O pedúnculo da pera deve estar intacto.
Seja como for, estes pequenos detalhes não mudam nada ao seu sabor! São padrões que provocam um desperdício de alimentos totalmente desnecessário.
As Normas de Comercialização da União Europeia visam promover a qualidade de determinados produtos. Foram criadas, por esse motivo, normas específicas para certas frutas e hortícolas.
Nesta lista encontram-se as maçãs, os citrinos, os quivis, as alfaces, as chicórias frisadas e escarolas, tal como os pêssegos e nectarinas, as peras, os morangos, os pimentos doces ou pimentões, uvas de mesa e os tomates.
E quanto aos padrões de qualidade, também incitam ao desperdício de alimentos?
Além dos padrões específicos europeus referidos acima, os distribuidores também adicionam os seus próprios padrões de qualidade. Para isto, aumentam a vida útil do alimento no seu stock tanto quanto podem e baseiam-se, principalmente, na aparência dos alimentos.
Este cenário muito restritivo para os distribuidores, é um obstáculo desnecessário porque os alimentos não passam por um curto ciclo de distribuição (colheita » venda). E como todos os atos têm consequências, as frutas e legumes são, assim, colhidas ainda verdes e duras para que não se estraguem e possam ser classificadas.
Temos também de referir o uso de produtos fitossanitários. O seu uso torna-se mais intensivo, por exemplo, em alimentos com mais pesticidas. E, claro, os produtos rejeitados por não cumprirem os padrões, são desperdiçados!
💡As nossas propostas para um consumo mais responsável e anti desperdício
Para resolver este problema, apresentamos 4 soluções que te vão ajudar a consumir de forma mais responsável e sem desperdício. Estas soluções complementam os nossos já conhecidos 10 mandamentos da alimentação responsável.
➡️ Rejeitar os padrões impostos às frutas e legumes, de forma a reduzir o desperdício de alimentos entre produtores
Os padrões de consumo estão a mudar a favor dos ciclos curtos de venda e distribuição. É cada vez mais importante “penalizar” os produtos frescos com padrões impostos para ciclos longos.
Estes padrões exigem aos produtores o desperdício de uma parte significativa da sua produção. No entanto, tu enquanto consumidor deves estar disposto a comprá-los diretamente no local da colheita. Ao confiar apenas no padrões gerais e ao remover os padrões de comercialização das frutas e legumes, vais ajudar a evitar o desperdício causado apenas por “vaidade” visual! 👀
➡️ Permitir que os produtores vendam os seus produtos no local da colheita
Sob o mesmo ponto de vista, os produtores devem ter mais opções de venda para os seus produtos. Consideramos importante venderem nos mercados locais e de forma direta ao consumidor final.
Desta forma, ficam então livres das normas comerciais específicas, evitando o desperdício dos seus produtos. Analogamente, conseguem um lucro que de outra forma seria transformado em perda e gasto.
Porque não expandir esta ideologia? Todos ganham com ela!
➡️ Reintroduzir e restaurar a nobre beleza às frutas e legumes que todos consideram feios
A distribuição desempenha um papel fundamental nos hábitos de consumo. No entanto, também é essencial que te envolvas na luta contra o desperdício e na sensibilização para o consumo de frutas e legumes mais deformadas/murchas.
Apesar de, infelizmente, muitas pessoas ainda considerarem estes alimentos feios, nós continuamos a achar que são os melhores do mundo 😜
Numa perspectiva de venda, os distribuidores podem, por exemplo, começar por focar a sua comunicação no sabor e qualidade nutricional e não na aparência dos alimentos.
Da mesma forma, também podem aconselhar o consumidor no local de venda, através da introdução de secções zero desperdício nas suas lojas.
➡️ Comprar com responsabilidade e optar por produtos “feios”
Antes de mais nada, enquanto consumidor, também tens um papel a desempenhar. Deves questionar-te sobre o seguinte: “será que consigo comer frutas e legumes mais murchos, amassados ou aparentemente feios?”. A resposta é bastante clara, claro que consegues!
Na missão anti desperdício de alimentos não só podes comprar uma maçã deformada e um pacote de arroz com erro de impressão na embalagem, como também um ovo com um tamanho ligeiramente mais pequeno ou uma compota com prazo de validade a terminar.
Da mesma forma, se és um produtor, podes vender este tipo de produtos sem qualquer medo.
Estás mais convencido sobre o teu papel no combate ao desperdício? Esperamos que sim! Sejas um produtor ou simples consumidor, todos podem fazer a diferença na implementação de novos hábitos de consumo e venda.
Podemos ajudar-te ainda mais! 👇
Podes obter mais informações sobre as nossas soluções para reduzir o desperdício de alimentos nas tuas secções alimentares. Basta preencheres este documento. Vamos entrar em contacto contigo num curto espaço de tempo.